07 Dez 2021 COMUNICADO DO JÚRI DO PRÉMIO LEYA 2021 Reuniu ontem por videoconferência o Júri do Prémio Leya. No início da
reunião, Lourenço do Rosário fez uma declaração de protesto contra as medidas
da União Europeia, no sentido de proibir os voos para Moçambique e outros
países da África Austral. Os membros do Júri associaram-se a esta tomada de
posição. Concorreram ao
Prémio 732 originais, dos quais foram seleccionados 14 para apreciação do Júri.
O Júri
deliberou por unanimidade atribuir o Prémio de 2021 à obra As Pessoas
Invisíveis, da autoria de José Carlos Barros. As Pessoas Invisíveis é uma viagem por vários tempos da história recente de Portugal desde a década de quarenta do século XX narrado a partir de uma personagem ambígua, Xavier, que age como se tivesse um dom ou como se precisasse de acreditar que tivesse um dom.
Dos anos 40 do
século XX, com a ambição do ouro, a posição de Salazar face à Guerra, a guerra
colonial com todas as questões que hoje levanta, o nascimento e os primeiros
anos da democracia.
Em todas essas
paisagens e em todos os tempos que o romance toca, a palavra é de quem não a
costuma ter. Dramática, velada, fugaz, lapidar, tocada pelo sobrenatural. Os habitantes
do mundo rural ou os negros das colónias. São seres quase diáfanos que
sublinham uma sensação de quase perdição que atravessa todo o livro e constitui
um dos seus pontos mais magnéticos.
Em As Pessoas
Invisíveis, o leitor é convocado para preencher com a sua imaginação o não
dito, os silêncios, o invisível. De salientar
ainda o trabalho de linguagem, o domínio de uma oralidade telúrica a contrastar
com a riqueza de vocabulário e de referências histórico-sociais. __ Sobre o autor José Carlos
Barros (Boticas, 1963) é licenciado em Arquitetura Paisagista pela Universidade
de Évora e vive no Algarve, em Vila Nova de Cacela. A sua atividade
profissional tem sido exercida nos domínios do ordenamento do território e da
conservação da natureza. Foi director do Parque Natural da Ria Formosa. É
autor, entre outros, dos livros de poesia Uma Abstracção Inútil, Todos os
Náufragos, Teoria do Esquecimento, Pequenas Depressões (com Otília Monteiro
Fernandes) e As Leis do Povoamento (editado também em castelhano). Com Sete
Epígonos de Tebas venceu o Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama
2009. Em 2003 estreou-se na prosa com O Dia em Que o Mar Desapareceu.
Venceu vários prémios literários (com destaque para o Prémio Nacional de Poesia
Sebastião da Gama, que lhe foi atribuído duas vezes) e os seus textos poéticos
estão publicados em vários países. O Prazer e o Tédio foi o seu primeiro
romance, seguido de Um Amigo Para o Inverno (Casa das Letras, 2013), com o qual
foi finalista do Prémio LeYa em 2012. Os seus livros mais recentes (poesia) são
os seguintes: O Uso dos Venenos, ed. Língua Morta (2ª edição, 2018), A Educação
das Crianças, ed. Do Lado Esquerdo Editora, 2020, Estação – Os Poemas do DN
Jovem, 1984-1989, ed. On y Va, 2020, e Penélope Escreve a Ulisses, Edições
Caixa Alta, 2021. Sobre o júri do Prémio LeYa 2021 O júri da
presente edição do Prémio LeYa é formado por Ana Paula Tavares, escritora e
poeta angolana, Isabel Lucas, jornalista e crítica literária portuguesa, José
Carlos Seabra Pereira, Professor de Literatura Portuguesa na Universidade de
Coimbra, Lourenço do Rosário, Professor de Letras, fundador e antigo reitor da
Universidade Politécnica de Maputo, Manuel Alegre, poeta e escritor (Presidente
do Júri), Nuno Júdice, poeta e escritor, e Paulo Werneck, editor, jornalista e
tradutor brasileiro. Sobre o Prémio LeYa 2021 Com o valor de
50 mil euros, o Prémio LeYa é o maior prémio literário para romances inéditos
de todo o mundo de língua portuguesa. No seu percurso já premiou e deu a
conhecer ao mundo os romances O Rastro do Jaguar, do brasileiro Murilo Carvalho
(2008), O Olho de Hertzog, do escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho
(2009), O Teu Rosto Será o Ultimo, de João Ricardo Pedro (2011), Debaixo de
Algum Céu, de Nuno Camarneiro (2012), Uma Outra Voz, de Gabriela Ruivo Trindade
(2013), O Meu Irmão, de Afonso Reis Cabral (2014), O Coro dos Defuntos, de
António Tavares (2015), Os Loucos da Rua Mazur, de João Pinto Coelho (2017) e
Torto Arado, de Itamar Vieira Junior, vencedor em 2018 e que viria a ganhar, em
2020, os dois mais importantes prémios literários do Brasil: Jabuti e Oceanos. |